Terapia Manual – Liberação Miofascial

Muito tem se falado sobre a técnica da mobilização miofascial – mais conhecida como liberação miofascial – e vem ganhando cada vez mais destaque entre os fisioterapeutas e profissionais da saúde sobre a importância da fáscia para uma boa avaliação, diagnóstico e tratamento e de todas as implicações que ela traz.

 

Relembrando já vimos a composição da fáscia – dá uma olhadinha em nosso BLOG parte I e II-, mas vale ressaltar que a fáscia é um tecido conjuntivo que envolve as estruturas do corpo, entre elas os músculos. A manipulação fascial é fundamental no tratamento das disfunções cinético-funcionais, pois ela devolve a liberdade e organização dos movimentos, diminuindo, assim, o quadro sintomatológico da dor.

 

A fáscia forma uma rede com cada célula e conecta os músculos, tendões e ligamentos ao cérebro. Ela também funciona como um semicondutor para sustentar uma atividade elétrica em grande velocidade. Esse tecido é dividido em três tipos: superficial, profunda e visceral.

 

A fáscia superficial (denominada também de hipoderme) se localiza embaixo da pele e é composta por células adiposas. Ela também é imersa em linfa intersticial, rica em vasos linfáticos e periféricos.

 

A fáscia profunda está localizada abaixo da superficial. Além de revestir um grupo muscular, ela também envolve os músculos, os fascículos e as fibras musculares. A fáscia profunda é uma das principais responsáveis por limitar a força externa do músculo contraído para direcionar e aumentar a força contrátil, a restrição excessiva ou a elasticidade limitada (DONATELLI, 2015).

 

A fáscia visceral se localiza em uma posição ainda mais profunda e envolve membranas serosas que cobrem vísceras, como a pleura, o pericárdio e o peritônio.

 

A técnica de pompage contribui na ação da circulação, uma vez que libera bloqueios e estases líquidas; na ação muscular, pois o tensionamento passivo da musculatura gera deslizamentos dos filamentos actina e miosina, proporcionando o relaxamento muscular e preparo da musculatura para o alongamento; e na ação articular, agindo sobre a rigidez e a limitação articular. Além disso, facilita a mobilização articular na recuperação funcional e restaura a frouxidão fisiológica, facilitando o ganho de ADM (SILVA; MAIA, 2018).

 

A liberação miofascial é constituída por um grupo de técnicas que têm como objetivo aliviar os tecidos moles da tensão fascial,  abrange a combinação de técnicas de deslizamento tradicional (amassamento e fricção) associadas ao alongamento simultâneo da musculatura e da fáscia para conseguir o relaxamento dos tecidos tensos ou aderidos e recompor a mobilidade.

 

Potenciais características fasciais clinicamente relevantes que merecem atenção incluem as maneiras como as células fasciais respondem às diferentes formas e graus de carga mecânica (mecanotransdução), bem como o aspecto múltiplo de conexão, envolvimento e ligação da fáscia e como estes influenciam a avaliação terapêutica e o tratamento.

 

A mecanotransdução descreve as inúmeras maneiras pelas quais as células respondem aos diferentes graus de carga: torsão, tensão, cisalhamento, alívio, compressão, alongamento, inclinação e fricção – resultando em modificação rápida do comportamento celular e adaptações fisiológicas –, incluindo expressão genética e respostas inflamatórias.

 

A relevância clínica que está se tornando aparente a partir de entender como a fáscia funciona e saber como sobre a liberação miofascial ocorre, relaciona-se à necessidade de que os terapeutas se tornem cientes – à medida que evidências surgem – dos trajetos de transmissão de força em diferentes áreas do corpo.

 

Nos termos de terapia manual, contudo, a escolha do tipo de força aplicada sendo liberada (compressão, distração, alongamento, cisalhamento, etc.), o grau (leve, pesado, variável, etc.), a(s) direção(ões) e duração (p. ex., alta velocidade, baixa velocidade, sustentada durante segundos ou minutos) são todos modos de refinar as respostas potenciais dos tecidos, células, nervos, etc. à demanda/carga adaptativa.

 

Sobre a disfunção fascial, devemos primeiramente abordar a questão do grau em que os padrões posturais são padrões neuromotores versus padronização real dentro dos sistemas fasciais. O RPG e o pilates entram como uma técnica essencial sobre uma boa conduta terapêutica.

 

Após avaliar padrões globais do corpo inteiro, é necessário procurar o maior número possível de sinais “menores” e características de disfunção por observação, palpação e avaliação:

  • O que está curto?
  • O que está tenso?
  • O que está contraído?
  • O que está restrito?
  • O que está fraco?
  • O que está fora de equilíbrio?
  • As sequências desencadeadoras são anormais?
  • O que aconteceu – uso excessivo, uso errôneo, traumatismo (abuso), desuso – para estimular ou manter a disfunção?
  • O que o paciente está fazendo, ou não está fazendo, que agrava essas mudanças?
  • O que pode ser feito para ajudar a normalizar essas mudanças?

 

Nossa tarefa, então, é reduzir a carga adaptativa que está fazendo demandas sobre as estruturas do corpo, enquanto tentando simultaneamente aumentar a integridade funcional de modo que as estruturas e tecidos envolvidos possam manusear melhor os abusos e usos errôneos aos quais eles são rotineiramente submetidos.

 

A liberação miofascial pode ser feita manualmente ou instrumental como se sabe, por isso que a riqueza da fisioterapia em poder tratar é com a formação de cada fisioterapeuta em ter uma gama de técnicas em seu saber. A osteopatia engloba um fator importante também sobre seus aspectos de diagnosticar, avaliar e tratar.

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Referências

Vasconcelos, Gabriela Souza de Recursos terapêuticos manuais [recurso eletrônico] / Gabriela Souza de Vasconcelos, Noura Reda Mansour e Lucimara Ferreira Magalhães ; revisão técnica: Diego Santos Fagundes. – Porto Alegre : SAGAH, 2021.

Chaitow, Leon.Terapia manual para disfunção fascial [recurso eletrônico] / Leon Chaitow ; tradução: Maria da Graça Figueiró da Silva Toledo ; revisão técnica: Silviane Vezzani. – Porto Alegre : Artmed, 2017.

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