Liberação Miofascial: uma técnica de terapia manual

Muito tem se falado sobre a técnica da mobilização miofascial – mais conhecida como liberação miofascial – e vem ganhando cada vez mais destaque entre os fisioterapeutas e profissionais da saúde sobre a importância da fáscia para uma boa avaliação, diagnóstico e tratamento e de todas as implicações que ela traz.

Desse modo, é importante decifrar o que é a fáscia mais profundamente, qual a sua importância, seu papel na biomecânica, como e quando acontece a liberação miofascial para podermos atuar de forma mais efetiva.

Fáscia: desvendando o conjunto fascial e sua importância clínica

No momento não há uma maneira geralmente aceita de classificar a fáscia. Schleip (2012a) observou que atualmente há pelo menos três maneiras comuns de codificar a fáscia:

  1. O Federative International Committee on Anatomical Terminology (1998) descreve fáscia como “bainhas, folhas ou outros agregados de tecido conectivo dissecável”, incluindo “revestimentos de vísceras e estruturas dissecáveis relacionadas a elas” (Terminologia Anatômica, 1998).

  2. Standring et al. (2008) descrevem fáscia como “massas de tecido conectivo grandes o suficiente para serem visíveis a olho nu”, observando que “as fibras na fáscia tendem a ficar entrelaçadas” e que ela inclui “tecido conectivo areolar frouxo”, tal como a “fáscia superficial” subcutânea.

  3. Schleip et al. (2012b) caracterizam a fáscia como “tecidos colagenosos fibrosos que fazem parte de um sistema de transmissão de força tensional amplo do corpo”.

A fáscia também compreende uma variedade complexa de bolsas, septos, bolsos e envelopes que contêm, separam e dividem tecidos e estruturas – enquanto, em muitos casos, permitem uma facilidade de deslizamento, desvio que fornece a base para o movimento sem atrito entre as camadas de tecidos moles. Isso pode ser perdido ou reduzido por aderências e densidade aumentada.

A geografia da fáscia

Pode ser dividida nas categorias funcionais amplas a seguir:

1. Fáscia (frouxa) superficial, ou areolar ou panicular;

2. Fáscia axial profunda (ou de revestimento);

3. Fáscia meníngea (circunda o sistema nervoso);

4. Fáscia visceral (circunda e sustenta os órgãos).

 

A fáscia faz parte de todos os tecidos moles do corpo:

  • A fáscia une, comprime, protege, envolve e separa tecidos;

  • A fáscia reveste e conecta estruturas, fornecendo o sistema de andaimes que permite e aumenta a transmissão de forças;

  • A fáscia tem funções sensoriais, a partir do nível microscópico (p. ex., comunicação célula-a-célula individual) até o envolvimento de grandes lâminas fasciais, tal como a fáscia toracolombar (FTL);

  • A fáscia facilita o deslizamento dos tecidos uns sobre os outros;

  • A fáscia também oferece um meio de armazenamento de energia – agindo como uma espiral via estruturas fasciais pré-estressadas, tais como os grandes tendões e as aponeuroses da perna, durante o ciclo da marcha, por exemplo. Pense em cangurus ou gatos!

  • As múltiplas funções da matriz de tecido conectivo, com suas qualidades combinadas de força e elasticidade – de biotensegridade – podem ser descritas pela única palavra resiliência. Isso pode ser definido como a capacidade de se adaptar às forças distorcidas e, onde apropriado, a capacidade de retornar à forma e posição originais, que é a qualidade da rede fascial. Resiliência também descreve a capacidade de se recuperar rapidamente a partir da doença ou lesão

Como observado, a fáscia fornece continuidade estrutural e funcional entre os tecidos moles e duros do corpo como um componente sensorial, elástico- -plástico e onipresente que reveste, sustenta, separa, conecta, divide, envolve e dá coesão ao restante do corpo – enquanto às vezes permite movimentos de desvio, deslizamento –, bem como desempenha um papel importante na transmissão de forças mecânicas entre as estruturas (Huijing, 2007).

Por exemplo, as estruturas normalmente descritas como os músculos do quadril, da pelve e da perna interagem com os músculos do braço e da coluna por meio da fáscia toracolombar, que permite transferência de carga efetiva entre a coluna, a pelve, as pernas e os braços em um sistema integrado

Todas essas funções e atributos da fáscia são interessantes; contudo, alguns têm maior relevância clínica do que outros. Potenciais características fasciais clinicamente relevantes que merecem atenção incluem as maneiras como as células fasciais respondem às diferentes formas e graus de carga mecânica (mecanotransdução), bem como o aspecto múltiplo de conexão, envolvimento e ligação da fáscia e como estes influenciam a avaliação terapêutica e o tratamento.

É necessário aprender a topografia, a geografia, as conexões e a arquitetura dos tecidos moles, incluindo a fáscia – não a excluindo, como acontece em muitos textos de anatomia. Nós precisamos saber onde e como a fáscia influencia a função.

Como na maioria da disfunção musculoesquelética, as “causas” tendem a ser facilmente resumidas como uso excessivo, uso errado, desuso e abuso. A disfunção fascial pode resultar de traumatismo de desenvolvimento lento (desuso, uso excessivo e uso indevido) ou de lesão repentina (abuso) que leva à inflamação e remodelagem inadequada (tal como formação de cicatriz excessiva ou desenvolvimento de fibrose):  “Quando a fáscia é estressada mecanicamente em excesso, inflamada ou imóvel, a deposição de colágeno e de matriz torna-se desorganizada, resultando em fibrose e aderências” (Langevin, 2008).

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REFERÊNCIAS

Leon Chaitow. A relevância clínica das funções da fáscia: traduzindo a ciência

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